A Lenda de Nyangani

A Lenda de Nyangani
Diz a lenda que quem subir a montanha mais alta da Rodésia, o Monte Nyangani, não deve olhar os olhos de nenhum animal, sob pena de ficar perdido nas montanhas para sempre. Assim foi connosco e com o Leão da Rodésia, um olhar e perdemos-nos para sempre.

Origem

O Leão da Rodésia tem a sua origem, ao contrário do que o seu nome indica, na África do Sul, mais concretamente no que chama hoje a província do Cabo. Foi lá que, no final do século XVI início do séc. XVII, desembarcaram os primeiros colonos holandeses com o objectivo de criarem um entreposto de apoio aos navios da Companhia Holandesa das Índias, nas suas viagens comerciais para o continente asiático.
Leões da Rodésia - cena de caça
Por essas paragens encontraram um povo conhecido como Hotentotes ou Khoikhoi que se fazia acompanhar por cães de média dimensão (cerca de 20Kg), mas que tinham a particularidade de, além de alguma agressividade e uma desconfiança natural com estranhos, possuir uma espécie de crista nas costas. Esses cães eram utilizados pelas tribos na caça e também como cães de guerra pela sua ausência de medo e  ferocidade natural.
Os colonos levaram cães de várias raças europeias para África com o intuito de os servirem na caça e na protecção das suas casas mas estes revelaram-se frequentemente desadaptados, tanto ao clima e às agruras desse continente ainda desconhecido, como aos diferentes predadores e doenças da região. O resultado era que poucos sobreviviam a essa nova vida e o colonos viram-se obrigados a recorrer a cruzamentos com os cães dos Hotentotes, robustos e completamente adaptados. Desta forma, os cães autóctones começaram a evoluir notando-se então que a crista (ridge) que era visível nos cães dos Hotentotes manifestava-se também numa grande maioria dos cachorros cruzados. Como gene dominante recorrente esta característica foi-se revelando geração atrás de geração.


Estes cães e os seus donos partilharam os perigos e as aventuras de criar uma civilização nova e foram expandindo as suas fronteiras desde a Cidade do Cabo cada vez mais para norte.
Por volta de meados do século XIX já começava a ser comum um tipo de cão sul africano, geralmente cães médios, do tipo de caça (hound), de cor trigo/acastanhada ou tigrados, muito rápidos e resistentes.
Leões da Rodésia - Cena de caça
No final do século XIX, colonos maioritariamente de origem britânica, ocuparam uma vasta área a norte do rio Limpopo criando assim a Rodésia. Este território era habitat de leões e um cão que ajudasse na caça destes tornou-se imprescindível, sendo que qualquer que fosse a raça a utilizar teria de ser especial. Geralmente os cães de caça grossa, por genética e treino, perseguem e apanham a presa e mesmo presas de grande dimensão como os veados conseguem ser derrubados por uma matilha destes cães. Já com o Rei da Savana, a
pesar frequentemente mais de 250 Kg de osso e músculo e com uma ferocidade inigualável, o mesmo não seria possível. Foi necessário um novo método de caça, em que os cães apresentassem, além das qualidades normais para um cão de caça como velocidade, estamina, força e coragem, atributos como a precaução, destreza e habilidade para lidar com o feroz predador.
Assim, as origens ancestrais dos primeiros Leões da Rodésia tornaram-nos candidatos ideais para a árdua tarefa. O Leão da Rodésia original tinha o "bom nariz" dos Bloodhound, a velocidade dos Greyhound  a coragem e a tenacidade dos Bulldog, dos Bull Terrier e dos Mastiff  (estas foram algumas da principais raças cruzadas com os cães dos Hotentotes que deram origem aos primeiros Rhodesian Ridgeback). A estas características juntavam-se a arte de fintar predadores africanos, a resistência a doenças e a sua imagem de marca, a crista nas costas do Cão de caça dos Hotentotes.
Estes cães, em matilha, perseguiam silenciosamente os leões, apanhando o seu cheiro e seguindo-o até terem o animal à vista. Aproximavam-se lentamente, cabeça baixa, pisando cautelosamente, agachando-se ocasionalmente por forma a estudar o objectivo. Se fosse um grupo de leões, os Leões da Rodésia espalhavam-se e aproximavam-se de diferentes ângulos por forma a confundir as suas presas. Podemos imaginar uma cópia quase perfeita da forma de caçar dos próprios leões!
Só quando já estavam perto dos leões, os cães começavam a ladrar raivosamente por forma a intimidar a caça e a chamar os caçadores. Através de uma técnica de defesa, finta, ataque fingido, simulação, avanços e recuos, a matilha conseguia encurralar o leão, furtando-se aos seus ataques e permitindo finalmente o tiro certeiro do caçador.
Como se pode imaginar, uma patada de das enormes garras de um leão mataria um cão instantaneamente pelo que o Leão da Rodésia tinha de possuir reflexos rapidíssimos.
Muitos destes cães não sobreviviam a estes encontros ou ficavam gravemente feridos embora combatendo sempre estoicamente. Assim se foi fazendo a selecção da raça pois só os mais aptos e talentosos sobreviviam passando as suas qualidades à próxima geração.
Em 1922 foi fundado o primeiro clube de Ridgebacks em Bulawayo, Rodésia, e foi definido o primeiro estalão da raça.
 O Leão da Rodésia foi oficialmente reconhecida na África do Sul em 1924.

Sem comentários:

Enviar um comentário